O educador deve proporcionar às crianças o contacto com história e livros. Pois estes são um “…factor eminentemente lúdico e educativo…” (Bastos, 1999, p.21) e portanto os adultos, tanto pais como educadores de infância, devem aproveitar, o máximo possível, este recurso. O contacto das crianças com este material didático deve ser promovido desde a Creche. Contudo, é no Jardim de Infância que as crianças começam a adquirir “… um maior domínio da linguagem oral…” (Ministério da Educação, 1997, p.66). Este domínio da linguagem deve ser estimulado pelo educador, devendo este encontrar estratégias para que as crianças se vão apropriando de mais léxico, consigam começar a construir frases complexas, que desenvolvam a prosódia, algumas regras morfológicas, se desenvolvam a nível pragmático, passem a ter mais atenção à concordância nas frases, entre muitos outros aspetos (cf. Sim-Sim, Silva e Nunes, 2008). Assim, com base no que foi referido anteriormente, o educador tem um papel indispensável nesta estimulação linguística nas crianças, não desfazendo o papel dos pais.
Também se desenvolverá a literacia nas crianças se o ambiente tiver sentido para elas e for estimulante, por exemplo relativamente à diversidade de materiais utilizados para contar histórias e da variedade de tipo de textos lidos. Entende-se por literacia, a “…competência global para a leitura no sentido de interpretação e tratamento da informação…” (Ministério da Educação, 1997, p.66). Assim, de forma progressiva, a criança vai-se apropriando da capacidade de refletir sobre a informação que, por exemplo, as ilustrações transmitem, tal como se vai apercebendo das funcionalidades da escrita.
Além do desenvolvimento da literacia, a criança também vai explorando o “carácter lúdico” dos livros, através da sua exploração e momentos de partilha de histórias (Idem. p.67). O livro, segundo afirma Barbosa (2003), “… é um objeto lúdico de descoberta do mundo e das pessoas, e um meio de enriquecimento da linguagem e da comunicação…” (p.50).
De seguida apresentar-se-à exemplos de livros com potencialidades para se trabalhar com as crianças no Jardim de Infância.
Livro: "Lenga lengas”
Autor: Luísa Ducla Soares.
Ilustrador: Sofia Castro.
Ano de publicação: 1997.
Editor: Livros Horizonte.
Este livro apresenta lengalengas, as quais podem ser próximas do quotidiano da criança, isto porque, são lengalengas que se transmitem de geração em geração e sobre diferentes temas.
Resumo da história: Esta obra é constituída por várias lengalengas e uma delas é “Eu fui a Viana”. Esta lengalenga fala de vários locais que se podem visitar em Portugal, sendo que se faz referência a diferentes meios transportes para se chegar a cada destino.
As lengalengas podem ser usadas em diversos contextos por exemplo, em contextos de brincadeira (e.g. saltar à corda), de ida para o refeitório, casa de banho, etc.
Género: Jogos de linguagem.
Discurso: Rimas e aliterações.
Potencialidades pedagógicas: As lengalengas são uma forma de literatura tradicional a qual é transmitida oralmente de geração em geração. As lengalengas apresentam temáticas diversificadas surgindo no contacto entre adulto-criança, tal como entre criança-criança. Por serem tão próximas da criança, e devido à sua diversidade, têm o potencial de serem usadas em diversos contextos, como por exemplo, na ida até à casa de banho, na ida até ao refeitório, tal como em contexto de brincadeira. As lengalengas apresentam alguma sonoridade e ritmo o que facilita a sua memorização, mas também devido à sua pouca extensão pois na maioria as lengalengas são curtas, o que também facilita a sua aprendizagem por parte das crianças. Deste modo, as lengalengas podem ser usadas em diversos contextos e em diversos momentos da rotina do Jardim de Infância. Esta obra serve para trabalhar a consciência fonológica (e.g. reflexão sobre os segmentos sonoros das palavras, articulação, discriminação auditiva), a memorização e discussão sobre o significado das palavras.
Livro: "Varre, varre, vassourinha”
Autor: António Torrado.
Ilustrador: Romeu Costa.
Editor: Plátano Editora.
Este livro apresenta vários trava-línguas e, na generalidade, estes estão próximos da realidade das crianças.
Resumo da história: O livro é constituído por vários trava-línguas, como por exemplo há um trava línguas sobre um gato maltês e outro sobre uma galinha pedrês.
O conteúdodeste livro pode ser usado para memorizar e reproduzir.
Género: Jogos de linguagem.
Discurso: Rimas e aliterações.
Potencialidades pedagógicas: Esta obra serve para trabalhar a consciência fonológica (e.g. reflexão sobre os segmentos sonoros das palavras, articulação, discriminação auditiva) e a memorização, tal com o livro anterior.
Referências bibliográficas
Barbosa, M. (2003). O livro- Instrumento de comunicação em crianças com Necessidades Educativas Especiais (Dissertação de mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e da Educação da Criança, na especialidade de Intervenção Precoce). Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Porto.
Bastos, G. (1999). Literatura Infantil e Juvenil. Lisboa: Universidade Aberta.
Ministério da Educação. (1997). Orientações Curriculares para a Educação de Infância. Lisboa: Ministério da Educação.
Sim-sim, I., Silva, A. & Nunes, C. (2008). Linguagem e comunicação no jardim-de-infância. Lisboa: DGIDC.
Soares, L. (1997). Lenga lengas. Lisboa: Livros Horizonte.
Torrado, A. (s.d.) Varre, varre, vassourinha. Lisboa: Plátano.



