sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

As cores preferidas do nosso Jardim de Infância


“… o quotidiano do Jardim de Infância  oportunidade às crianças de aprenderem matemática, através de inúmeras experiências…” (Cabral, 2003, p. 29)

As tarefas que a seguir serão apresentadas abordam o tema matemático Organização e Tratamento de Dados (OTD).
A recolha de dados e o seu tratamento permitem que as crianças aprendam algo sobre o qual não sabiam (Basile,1999, p.9; NCTM, 2008, p.127) e ajuda no desenvolvimento do pensamento crítico, na resolução de problemas e, também apoia e desenvolve habilidades na representação matemática (Lacefield, 2009). Segundo o autor Baber (2004), o raciocínio lógico, aquando o tratamento de dados, deve ser estimulado e apoiado com recurso a diversas formas de registo da informação a recolher.

O primeiro passo a percorrer em OTD é o de formular uma questão inicial, esta que, ao longo do desenvolvimento do trabalho, deve fornecer dados aos “investigadores” para que estes consigam dar-lhe resposta.

Após se definir a questão, o segundo passo refere-se à recolha de dados. Nesta fase, é muito benéfico para o desenvolvimento matemático das crianças que sejam elas a escolher os dados, a decidir qual “… a forma de os recolher e organizar…” (Castro e Rodrigues, 2008, p.60). 

O terceiro passo prende-se com o tratamento dos dados recolhidos. “após a recolha e registo dos dados, torna-se necessário proceder à sua organização, formando conjuntos (classificando) de acordo com os atributos a analisar” (Castro e Rodrigues, 2008, p. 62). Não se devem utilizar critérios com os quais as crianças, à partida, não estejam familiarizadas. Ou seja, deve-se ter em conta os conhecimentos já adquiridos e os conteúdos já trabalhados com as crianças e adaptar esses aspetos ao nível de desenvolvimento de cada uma. No entanto, deve-se exigir rigor nas representações das informações que as crianças elaboram, levando-as a refletir para que percebam o porquê de ser indispensável esse mesmo rigor. 

Segundo estes autores, há duas formas possíveis de organização/representação dos dados: tabelas e gráficos. Através da organização dos dados, deve-se também proceder à análise dos resultados obtidos de forma a tentar dar resposta à questão inicialmente formulada. As crianças estão habituadas a contactar com as tabelas, especialmente, pois na maioria das salas de tarefas existem, por exemplo, o mapa de presenças, o mapa do tempo, entre outros. 

A última fase de OTD prende-se com a análise e discussão dos resultados. As discussões em grande grupo deverão basear-se naquilo que a representação transmite e, também na importância dos dados apresentados levarem às conclusões das questões colocadas inicialmente. Para este facto os educadores devem encorajar as crianças a comparar dados, isto independentemente das crianças organizarem os seus dados em tabelas ou em gráficos. As crianças devem refletir e analisar o que fizeram individualmente e/ou em pequeno grupo e, posteriormente, em grande grupo partilhando o que se vivenciou, o que decidiu, as conclusões a que se chegou, entre outros aspetos relevantes, fazendo os colegas refletir e analisar de forma crítica a representação elaborada.

Como se pode verificar as tarefas apresentadas proporcionam o trabalho em grupo, deste modo, implica que as crianças saibam tomar decisões em pequeno grupo, sabendo, desta forma, ouvir/respeitar a opinião dos outros. Em grupo as crianças também deverão saber partilhar ideias e refletir sobre os dados. Deste modo, em interação as crianças trabalham numa numa Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Segundo o autor Bertrand,

a zona de desenvolvimento proximal é a distância que existe entre o que se sabe fazer (o seu estado de conhecimentos real e a sua perícia psicomotora actual) e aquilo que se pode fazer, isto é, o estado final do seu desenvolvimento quando alguém lhe mostra como se joga (2001, p. 132)

Com as tarefas a seguir propostas pretende-se que haja interação entre pares de forma a estimular a troca de conhecimentos e aprendizagens.


Tarefas para trabalhar Organização e Tratamento de Dados no Jardim de Infância


Objetivos gerais das tarefas apresentadas
  • Recolher dados do meio circundante;
  • Organizar os dados em tabelas e/ou noutras formas de representação à sua escolha;
  • Discutir e partilhar os resultados da recolha de dados.

Tarefa 1 – “Qual a nossa cor preferida?”


- Crianças em grande grupo;
- Educador sugere às crianças recolherem as cores preferidas das pessoas do Jardim de Infância (aqui podem, além das crianças das outras salas de atividades, incluir as assistentes operacionais e os educadores e, também, seria curioso, recolher as cores preferidas dos encarregados de educação das crianças) – O tema/assunto deve ser do interesse da criança. Desta forma, a ideia podia ter surgido de uma situação anterior, de uma história, por exemplo ("As cores do Elmer" Autor: David Mckee, Editora: Caminho);


- Decidir os pequenos grupos de crianças a serem formados;
- Cada pequeno grupo ficaria responsável por uma sala de atividades, outro pelas assistentes operacionais e educadores;
- Cada pequeno grupo decide como quer recolher/registar os dados/cores preferidas 8º educador dá 3 hipóteses de recolha e cada grupo escolhe uma);




Objetivos pedagógicos:

·         Participar na discussão sobre a forma de registo mais adequada;
·         Trabalhar de forma cooperativa com os colegas;
·         Participar na construção do instrumento de registo.

Tarefa 2 – “Vamos recolher as cores preferidas do nosso Jardim de Infância”


- Cada pequeno grupo vai à sala de atividades onde ficou de recolher os dados;
- O educador, enquanto cada pequeno grupo está numa sala de atividades a recolher os dados deve ir circulando pelo Jardim de Infância de modo a apoiar eventuais dificuldades das crianças;

Objetivos pedagógicos:
·         Participar na recolha de dados e no seu registo;
·         Cooperar e interagir com as outras crianças das outras salas de atividades.

Tarefa 3 – “Que cores foram recolhidas?”


- Depois da recolha, num momento posterior ou logo a seguir à tarefa 2, cada grupo analisa os dados registados;
- O educador apoia cada grupo dando 3 hipóteses de representação da informação e cada grupo escolhe uma (podem ser 3 hipóteses diferentes para cada grupo para haver maior diversidade de representação);

Objetivos pedagógicos:
·         Refletir sobre os dados recolhidos;
·         Discutir sobre a forma como vão organizar os dados;
·         Participar na organização e tratamento dos dados elaborando a forma de representação escolhida.

Tarefa 4 – “Vamos apresentar as cores preferidas do nosso Jardim de Infância”

- Cada pequeno grupo apresenta ao grande grupo a sua representação da informação elaborada – A representação (e.g. gráfico de barras) deve ser elaborado numa tarefa relacionada com as artes plásticas, por exemplo, trabalhando diversos materiais;
- Cada pequeno grupo faz uma análise dos dados que recolheu (e.g. qual a cor preferida de cada sala de atividades; qual a menos preferida; qual a cor que determinada sala não referiu, etc.);
Em grande grupo, no final de todos apresentarem podem expor as representações recorrendo a análises comparativas entre cada representação.

Objetivos pedagógicos:
·  Participar na discussão em grande grupo sobre os resultados obtidos;
·  Refletir corretamente sobre as questões colocadas pelo grande grupo e pelo educador;
·  Comparar suportes de organização de dados.

Referências Bibliográficas

Basile, C. (1999). Collecting data outdoors: Making connections to the real world. Teaching Children Mathematics, 8-12.
Bertrand, Y. (2001). Teorias contemporâneas da educação. Lisboa: Instituto Piaget.Cabral, A. (2003). Os gráficos no Jardim de Infância. Educação e Matemática, 71, 29-31.
Castro, J. & Rodrigues, M. (2008). Sentido do número e organização de dados- Textos de apoio para Educadores de Infância. Lisboa: Ministério da Educação (DGIDC).
Lacefield, W. (2009). The power odf representation: Graphs and Glyphs in data analysis lessons for young learners. Teaching Children Mathematics, 324-326.
National Council of Teachers of Mathematics (2008). Princípios e normas para a matemática escolar (2.ª edição). (APM, Trad.). Lisboa: APM (Obra original publicada em 2000).


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